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Experiência Religiosa e Enraizamento Social:
Festa e Devoção de Emigrados
em Visita à Comunidade Rural de Origem

 

Miguel Mahfoud
Prof. Adjunto do Dep. de Psicologia da FFLCH-UFMG
Membro do Grupo de Trabalho “Psicologia e Religião” ANPEPP-
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia

Simone Monteiro Ribeiro
Mestranda no Programa de Psicologia Social -UFMG

 

Com o objetivo de investigar como indivíduos que emigram de uma comunidade rural tradicional, da qual sejam nativos, a ela mantêm-se vinculados e identificados; como, mesmo inseridos em outra cultura, preservam o laço social com sua comunidade original, realizamos pesquisa no distrito de Morro Vermelho, Caeté (MG), onde, há 293 anos, acontece em setembro a festa em homenagem a Nossa Senhora de Nazareth, padroeira local. Nesta época grande número de emigrantes de Morro Vermelho retornam ao vilarejo. Uma leitura fenomenológica de relatos e histórias de vida permite apreender o trabalho da memória, realizado pelos sujeitos durante as entrevistas, e identificar o apego a pessoas, objetos e locais da comunidade - em particular a experiência religiosa de apego a Nossa Senhora de Nazareth. O trabalho da memória social, assim, relaciona valores tradicionais e contexto moderno e a relação com o sagrado dinamiza o apego definidor da identidade comunitária e pessoal, mesmo dos que ali já não vivem.

Introdução

Esse trabalho nasceu do nosso interesse em estudar cultura popular e tradição no interior de Minas Gerais, apreendendo os fenômenos culturais tal como são vividos pelos sujeitos da ação. Realizamos a pesquisa no vilarejo histórico chamado Morro Vermelho, com aproximadamente 800 habitantes, situado na zona rural do município de Caeté, a cerca de 70 km de Belo Horizonte. A comunidade se destaca pela conservação de sua tradição: mantém presente na memória coletiva fatos históricos acontecidos ali, como o Levante do Quinto do Ouro, de 1715(1); tem em seu patrimônio histórico duas igrejas barrocas, sob permanente preservação; sobrevivem no cotidiano tradições portuguesas, como músicas e danças. Tais aspectos culturais, aliados às características de localização geográfica - que dão a Morro Vermelho uma delimitação bastante definida - e as estreitas relações de parentesco de sua população, fazem do vilarejo uma comunidade tradicional. Percebemos que há ali uma identidade cultural bastante consolidada.

Chamou a nossa atenção o fato de que indivíduos que emigram para os centros urbanos, mesmo depois de inseridos na sociedade moderna preservam os seus laços com o lugar de origem e a ele procuram regressar todos os anos para participar da tradicional festa de Nossa Senhora de Nazareth, a manifestação cultural mais marcante de Morro Vermelho. Realizada ali em setembro, desde 1704, a festa presta homenagem a padroeira local, pela qual têm grande devoção. É composta por dois momentos distintos: a Cavalhada (dia 7-9) e a festa, propriamente dita, de Na. Sra. de Nazareth (8-9). A Cavalhada é extensão de uma tradição portuguesa (Cascudo:1972), encenação que relembra os tempos das cruzadas, com luta travada entre mouros e cristãos. Essa tradição foi trazida ao Brasil pelos portugueses e há 293 anos é repetida, sem interrupção, em Morro Vermelho. Esses são acontecimentos muito importantes para o vilarejo(2) e são conhecidos em toda a região, atraindo grande número de pessoas. A realização da festa possibilita perpetuar a tradição. Através da construção da festa se dá o aprendizado de costumes, a atualização do vínculo social do grupo e a assimilação dos significados das vivências das gerações anteriores. A transmissão desses significados às gerações posteriores, no dinamismo próprio da festa, é um critério particularmente claro para a definição da comunidade como tradicional (Pieper, 1994).

Grande parte dos emigrantes que ali comparecem, tem participação definida nos eventos e retorna para ocupar o “seu lugar” na festa e se reintegrar à vida de Morro Vermelho. Frente a esse persistente regresso dos emigrantes na ocasião da festa, interessou-nos investigar como se dá a permanência desse laço social com a comunidade natal e a conservação de seus costumes tradicionais. Percebemos que é através da participação efetiva na festa que acontece a reinserção tanto concreta quanto simbólica na comunidade, possibilitando a atualização dos seus vínculos sociais e a manutenção de sua tradição, mesmo estando inseridos num contexto moderno. A experiência religiosa que ali vivenciam tem como foco principal a figura de Nossa Senhora de Nazareth, e torna-se o eixo fundamental que estrutura e alimenta o vínculo original de seus nativos (Mahfoud & Ribeiro, 1998). Portanto, estaremos tratando neste trabalho da importância dessa experiência religiosa para os emigrantes de Morro Vermelho no processo de confrontação entre sociedade moderna e tradicional.

Metodologia

Numa perspectiva fenomenológica (Leeuw, 1970), o nosso intuito é apreender os sentidos e explicações que os próprios sujeitos atribuem às suas experiências, tendo em vista colhê-los como elaborações pessoais de fenômenos culturais comunitários, isto é, na dialética indivíduo/comunidade (Heller, 1972). Buscamos captar as elaborações de experiência(3) que daí emergem e o significado que têm na vida dessas pessoas, tentando aproximar o nosso olhar da perspectiva adotada por eles mesmos.

A coleta de dados foi realizada em Morro Vermelho na ocasião da festa, com entrevistas guiadas pela técnica de História de Vida Temática (Bosi, 1979; Queiroz, 1988; Thompson, 1992). Fizemos a opção de entrevistar pessoas que mudaram-se de Morro Vermelho há pelo menos dez anos e que continuam freqüentemente comparecendo à festa. As sete pessoas entrevistadas – três mulheres e quatro homens - foram indicadas pela própria comunidade. Isso foi favorecido pelos contatos prévios com aquele contexto, dado que esta investigação emergiu de uma pesquisa que vem sendo desenvolvida há mais tempo no vilarejo(4), o que nos permitiu conhecer pessoas particularmente envolvidas na festa de Na. Sra. de Nazareth e que nos possibilitaram o acesso aos sujeitos. Como nos prestamos a comunicar suas experiências de vida, em comum acordo com eles, optamos por manter os seus nomes reais, ao invés da usual nomeação fictícia.

Apego e trabalho da memória

Através dos depoimentos podemos perceber que os indivíduos alimentam um forte apego afetivo a Morro Vermelho. Esse apego está dirigido a elementos distintos, tais como o espaço físico, as pessoas, a participação na festa e, sobretudo, a Nossa Senhora de Nazareth.

“Eu não sabia sair daqui não, sabe? Eu vou em tudo quanto é lugar, mas o meu bem-estar é aqui. Eu tenho amor mesmo, eu não sei te explicar. Minha família, por exemplo, eu deixava eles aqui, mas assim, eu preocupava com eles sim, mas com o lugar também. Era o meu, o meu ambiente, sabe como? Lá fora eu achava tudo esquisito, tudo diferente, achava o pessoal com a cabeça assim, muito torta.” (Terezinha)

“Quando a gente tá aqui se sente bem, a gente sempre tá no meio dos amigos.” (Nozinho)

Esse valor afetivo expresso na fala das pessoas entrevistadas, o “amor a Morro Vermelho”, é efetivamente atualizado na medida em que regressam para participar da festa. Esse regresso renova o sentimento de pertença e de identidade com a comunidade natal, impedindo que se “desliguem” ou “desagarrem”.

“Eu não desligo. Quando tá chegando perto do dia da festa... Não é só eu não, viu? As minhas irmãs também. Um liga pro outro, e pro outro, sabe como? E, assim, é a coisa mais gostosa que tem! Essa expectativa: que tá chegando, que a gente tem que vim... - apesar de que eu venho sempre. Eu não consigo desagarrar, né?” (Terezinha)

O apego é o dinamizador da memória. É a permanência do apego afeivo a uma circunstância vivida que dá consistência às lembranças (Halb-wachs, 1990; Schmidt & Mahfoud, 1993). Então, é porque se mantém afetivamente ligado às suas experiências, quando criança, em Morro Vermelho, que Irineu pode evocar a lembrança das suas brincadeiras, as imagens de como era a configuração do espaço físico “na sua época” .

“Porque, na minha época de menino aqui, tinha festa, acabava a missa cantada, aí a banda... Tinha um coreto aqui ó [aponta], a banda ficava tocando aqui na coreto, né Zezé? Na época que eu era menino tinha um coreto, né? cabava a missa todo mundo corria pra cá, tinha pau-de-sebo, corrida-de-saco. Então o pessoal doava doce, esses trem, pra poder fazer leilão aí. Enchia de coisa, cada um dava uma coisa e o pessoal ficava aí fazendo leilão. Quem dava mais, né? Cê já viu isso? O sujeito sai gritando: "quem dá mais?". Antes era bom, agora acabou isso. (...) A gente não deixa de vim, não pode e não deve, né? Mas não é igual a minha época de menino, né? que já mudou muito, né? a festa, né? Mudou um pouquinho.” (Irineu)

Esse apego afetivo vitaliza as lembranças e assim permite que Irineu faça a confrontação entre passado e presente, avaliando como era a festa antes e como ela é hoje.

“Algumas coisas mudou, né? e agora não tem mais. É uma parte que eu notei, que não sei se tem mais outras coisas que mudou, mas essa parte igual quando eu era menino mudou, né? Porque, tinha, tinha um cruzeiro aqui, aí o pessoal ficava aí, a banda tocando e o coreto era aqui ó [aponta], a banda tocando aí no coreto e o pessoal subindo no pau-de-sebo, é, correndo ne saco, ovo na colher, aquela confusão, aquela farra, né? Quer dizer, hoje em dia não tem mais.” (Irineu)

Aquele que lembra está habitado por grupos de referência (pessoas, família, igreja...) dos quais já fez parte e com os quais partilhou pensamentos em comum. Irineu faz referência ao “pessoal que ficava aí”, à “banda” de música; Terezinha nos fala da família que deixou para traz, ao ir embora de Morro Vermelho, assim, notamos que esses grupos de referência podem se fazer presentes não necessariamente pela presença física, mas através da lembrança, onde o indivíduo, no momento atual, retoma as suas experiências em comum, suas relações sociais de outrora. É o apego a esses grupos de referência que possibilita à lembrança fazer o reconhecimento e reconstrução de relações sociais vividas e concretizar o trabalho da memória. O trabalho da memória se apoia no apego aos grupos para reconstruir, no momento atual, as relações sociais de um período passado. (Halbwachs, 1990; Schmidt & Mahfoud, 1993)

Apego e devoção a Nossa Senhora de Nazareth

Nas relações de apego enunciadas é significativamente marcante o destaque dado às vivências de fé e devoção à de Nossa Senhora de Nazareth. O apego a essa figura central propicia a comunhão de pensamentos, de atitudes e de uma maneira própria de conceber a realidade. A experiência religiosa que desenvolvem especificamente ali, vem dar-lhes a noção de identidade comunitária e também pessoal. Porque quem nasce ali “aprende desde menino é a ter fé”.

“Bom, primeiro que a gente faz, uma coisa que a gente aprende desde menino é a ter fé. E eu tenho muita fé com Nossa Senhora, primeiro que todas as necessidades minhas a gente revoga a ela, a Nossa Senhora de Nazareth. Eu tenho fé em outras, em outras santas, santos, mas eu tenho muita fé nela.” (Nozinho)

É a partir dessa concepção de fé que constróem suas relações com o mundo, com os outros e que estruturam a sua participação na comunidade e, sobretudo, na festa.

“A dedicação é por causa mais da fé com Nossa Senhora que a gente tem. Porque a gente aprende... como se diz, os nossos pais vai colocando na sua mão... nossos pais, aquelas pessoas mais antigas vai colocando na sua mão responsabilidades imensas, tá? Então ocê tem uma responsabilidade muito grande, em cima dessa responsabilidade cê tem que ter a fé nela, cê tem que acreditar ne Nossa Senhora de Nazareth.” (Nozinho)

O modo de agir, os comportamentos - “a dedicação”, “a responsabilidade”-, e a participação na festa são marcados pela resposta que buscam dar a Nossa Senhora pelas graças e proteção dela recebidas. Esse dinamismo de resposta se manifesta concretamente na construção da festa, que conta com a participação voluntária e assídua da população. Uma forma de agradecimento bastante particular é o caso de Zé Barreto, que várias vezes se deslocou de Belo Horizonte a Morro Vermelho a pé.

“Por que que eu vinha a pé de Belo Horizonte? Eu não vinha pedindo nada, nada, nada. Minha cabeça vinha erguida só agradecendo as coisa maravilhosa que eu recebi. (...) Ah, eu, eu fui caminhoneiro 37 ano, né? Ocê tá sempre pedindo proteção, né? Que era eu pedir justamente a Nossa Senhora de Nazareth a proteção, né? Então, foi 37 ano em cima de caminhão, sem nunca acontecer nada. Eu já trabalhei mais de cinco ano com ônibus de turismo. Cinco ano fui vem sucedido também, nunca tive nenhum problema. Então, só pedia, pedia, então, como se diz, pendurei as chuteira, encerrei a carreira, né? Aí eu já vim, mesmo trabalhando eu já vim a pé. Saía lá de Belo Horizonte as três e meia da manhã, chegava aqui duas hora da tarde.” (Zé Barreto)

O momento da festa é muito especial e tanto pode ser destinado a agradecimentos como, em situações de dificuldades, pode ser a ocasião de rogar por alguma graça, como relatou Irineu:

“Na festa eu não falho não, ué. Eu venho, não tem jeito. Inclusive teve um ano que meu filho tava doente. Meu filho, que é caçula, tava internado lá na Santa Casa. Minha esposa ficou lá com ele e eu vim. Fiz promessa de acompanhar ela [referindo-se a Nossa Senhora de Nazareth] descalço. Acompanhei. Graças a Deus ele voltou.” (Irineu)

A trajetória de vida é respaldada pela proteção, pela “bênção” de Nossa Senhora. Olhando para a sua carreira profissinal e para a sua família, Zé Barreto imediatamente reconhece a interferência dela em seu percurso de vida e lhe atribui todos os seus sucessos e os de seus seus filhos.

“Só da família que eu tenho, graças a Deus meus filho tá tudo certinho, não tem nenhum que anda fora da linha, né? Graças a Deus tão todos bem empregado. (...) Então, olha bem, não tem nenhum que tem vício de nada, nem coisa nenhuma. Vai ver que tudo é a bênção de minha mãe aqui ó. Tenho certeza absoluta. Porque não pode, né? Tem tanta gente, hoje eu vejo tanta gente estudado aí, né? Cê vê engenheiro aí, o cara tá pras estrada aí, acaba com ele, com a família dele. Não é sorte, é proteção, é proteção. Toda vida eu usei isso: antes de eu sair, de madrugada quando eu ia sair com o meu caminhão, eu abria a porta até no canto, começava a fazer a minha oração fazendo a volta no veículo, quando eu terminava, eu já fazendo a volta no caminhão, terminava a oração, entrava ali, ia e voltava sem problema nenhum. Sem um arranhão de pele, sem um acidente de veículo. Então, graças a Deus, isso aí eu arrasto mesmo, que sou protegido.” (Zé Barreto)

Participar da festa é a possibilidade de agradecer a Nossa Senhora a proteção recebida; é reconhecer a intercessão dela no percurso de vida pessoal; é manter com ela um relacionamento, é “agradá-la”. Contudo, Irineu, que hoje não tem mais uma participação tão efetiva como no passado, põe-se a questionar “não sei se eu agrado a ela”.

“Hoje em dia eu já não ajudo mais nesses trem de arrumar aí, de enfeitar o arco, esses trem. Então, quer dizer, eu venho e fico olhando aí, o pessoal, conversando com um, com outro. Mas aí eu não sei se eu estou errado se eu estou certo. Eu não sei eu venho a festa, se eu agrado a ela, né?”(Irineu)

Essa experiência religiosa torna-se parâmetro de avaliação tanto da participação na festa, como também da vida pessoal (para “olhar pra dentro de mim”), das relações sociais, do cotidiano, enfim, de toda a existência.

“Pra mim ser boazinha com você eu tenho que olhar pra dentro de mim e saber se eu tô bem comigo e com os meus. Porque com você é muito fácil, porque você tá distante. Então, aqui, é a minha patriazinha, é o meu meio. São aos meus irmãos que mais cabe, à minha casa, certo?” (Izabel)

“Gosto de dançar, entendeu? E antes não, podia até ter vontade, mas achava que aquilo era pecado, sabe? Então, eu já vivia mais recuada aqui no meu cantinho, sabe como? Eu morria de medo, assim, de desagradar Nossa Senhora.” (Terezinha)

A participação, evocada pela fé e devoção, é que possibilita a atualização dos vínculos com a cultural tradicional, com o espaço físico e com as pessoas de Morro Vermelho. É a constante revitalização dos laços sociais com sua origem que permite àqueles emigrantes, agora inseridos na sociedade moderna, assegurar a preservação de suas tradições e costumes do passado. O trabalho da memória, alimentado pelo apego à experiência religiosa marcante nessa comunidade, permite a confrontação entre a sociedade moderna e a tradicional, reforçando a identidade coletiva e a identidade pessoal das pessoas de Morro Vermelho. E são eles mesmos a nos explicitar porque tudo isso é vital:

“Porque Nossa Senhora de Nazareth a gente tem que tá junto, né? Eu acho que eu tenho que vim participar e tal, pra vida ter uma continuação.” (Beth)

Bibliografia

ANASTASIA, Carla Maria Junho. Vassalos rebeldes: violência coletiva nas Minas na primeira metade do século XVIII. Belo Horizonte: C/ Arte, 1998.

BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: Lembranças de Velhos. S. Paulo: T.A. Queiroz, 1979.

CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1972

HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Vértice, 1990

HELLER, Agnes. O Cotidiano e a História. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1972

LEEUW, Gerardus van der, La religion dans son essence et ses manifestations: phenomelogie de la religion. Paris: Payot, 1970

LOPES, Eliane Marta Santos Teixeira. Colonizador - colonizado: uma relação educativa no movimento da história. Belo Horizonte: UFMG, 1985.

MARQUES, Agostinho. Passagens por “O Morro Vermelho”. Belo Horizonte: Littera Maciel, s.d.

MAHFOUD, Miguel & RIBEIRO, Simone Monteiro. “Construir a festa, fazer memória: emigrados atualizam sua tradição”. In: Cadernos de Psicologia, Belo Horizonte: UFMG, v.8 n.1, dezembro, 1998.

PIEPER, Josef. Una Teoria de la Fiesta. Madrid: Ediciones Rialp, 1994

QUEIROZ, Maria Isaura Pereira, Relatos Orais: do “indizível” ao “dizível”. In: SIMSON, O. R. M. (org.) Experimentos com Histórias de Vida. São Paulo: Vértice, 1988, pp.14-43

RIES, Julian. L’ esperienza religiosa. In: Monti, C. (org.) Il libro del Meeting ‘88: cercatori d’infinito, costruttori di storia, Roma: Meeting, 1988, p.156-159

SCHMIDT, Maria Luisa e MAHFOUD, Miguel. “Halbwachs: Memória Coletiva e Experiência”. In: Psicologia USP, São Paulo, 4 (1/2), 1993, pp.285-298

THOMPSON, Paul. A Voz do Passado: História Oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992


(1). Referências históricas sobre esse acontecimento podem ser encontradas em: Anastasia, 1998; e Lopes, 1985.

(2). Uma descrição das principais festas e tradições de Morro Vermelho, feita por um de seus próprios habitantes, pode ser encontrada em Marques, s/d.

(3).Adotamos a concepção de experiência proposta por Ries (1988): experiência é um conhecimento que se elabora e se mantém a partir de repetições (fatos repetidos, encontros recorrentes, vivências retomadas etc.); é “memória”, registro do passado, lembranças de acontecimentos, conservação de conhecimentos adquiridos através do estudo, da observação. Experiência é “memória” enquanto capacidade de recordar e de evocar. Experiência é também presença – presença ativa do passado- e dinamismo e princípio de ação (voltada para o presente e para o futuro, implica um trabalho de reflexão, classificação, pensamento e escolha). Enfim, experiência é “testemunho” do passado.

(4). Trata-se do projeto de pesquisa “Cultura Popular e Cultura Escolar em Morro Vermelho”, coordenado por Miguel Mahfoud e desenvolvido com o apoio da FAPEMIG e Pró-Reitoria de Pesquisa da UFMG.