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Da Alegria de Amor ao Deus de Amor
(Originalmente comunicação oral ao I Encontro Internacional de Estudos Medievais, julho-95, USP-UNICAMP-UNESP)


Ruy Nunes
Universidade de São Paulo

 

“Les historiens de la philosophie auraient tort de ne pas garder le contact avec les aspirations qui expriment les romanciers et les spirituels; et les philologues ne feraient que ronger l’écorce verbale s’ils ne consentaient à gouter la séve qui circule sous les mots.”

(G. Paré, O.P. Le Roman de la Rose et la Scolastique Courtoise Paris-Ottawa, Vrin – Institut d' Études Médievales, 1941, p. 6.)

Esclareçamos já o título de nossa comunicação que enuncia no seu simbolismo, o ideal da poesia cortês, a sua concepção do amor e a sua colisão com a concepção cristã da vida que se consumou na condenação do naturalismo pagão, aristotélico e ovidiano, por Estevão Tempier, bispo de Paris, no Decreto de 7 de março de 1277.

“Alegria de amor”, termos sugestivos que já repontam e se consagram nas canções do primeiro trovador, Guilherme IX, Duque da Aquitânia (1071-1127). Na primeira delas, editada por Alfred Jeanroy, diz Guilherme: “Companheiros, vou compor um verso conveniente: vou pôr aí mais loucura que sabedoria, e aí se acharão misturadamente amor, alegria e juventude”. Quando, na Quinta canção, Guilherme em Auvergne se encontra com as esposas do Senhor Garin e do Senhor Bernard, ele responde às suas saudações com as palavras “babariol, babariol, babarian”, fazendo-se de mudo. Levado e abrigado por elas, o poeta foi submetido à prova dos arranhões de um gato para a verificação de sua mudez e, depois de banhado, permaneceu com elas por oito dias e ainda mais. Caso de amor cru e adúltero. “Toda a alegria do mundo é nossa, senhora, se nós dois nos amarmos...”(Canção VIII). Na canção IX, Guilherme proclama a suprema alegria causada pela amável acolhida e pelo gracioso e agradável olhar de sua dama, asseverando que viveria cem anos quem conseguisse possuir a alegria de seu amor, joy de amor.

Bastam essas ligeiras indicações para frisar o caráter programático da alegria do amor nas canções de Guilherme IX, Duque de Aquitânia e Conde de Poitiers. É o lançamento da concepção do amor cortês, com a exaltação da mulher amada, com a proposta, por parte de muitos trovadores, como Joufre Rudel e Bernard de Vantadour, de um amor teórico e platônico que se exprime no máximo num beijo, mas que na entoação de outros, no tom marcado por Guilherme IX, traduz-se e consuma-se na plena união carnal dos amantes. Embora - como frisa Pierre Belperron -, Guilherme só conceba o amor que chegue à sua conclusão normal, ele teria se alcandorado a exprimir o desejo do sentimento do amor, substituindo ao amor da beleza e ao amor puramente sensual o amor do amor, a alegria do amor.

Note-se o contexto social e cultural em que aparecem os trovadores e a concepção do amor cortês. É a época do renascimento do século XII, da ressurreição das cidades, do progresso econômico, da renovação dos estudos, das escolas e da vida religiosa. Surgem, então, as escolas episcopais, transforma-se o estudo das artes liberais com o sucessivo enriquecimento de suas disciplinas, graças às traduções das obras antigas e dos livros filosóficos, literários e científicos dos muçulmanos. Começa o movimento das Cruzadas, o intercâmbio com o Oriente, a fundação de novas ordens religiosas. E, concomitantemente com o desenvolvimento das escolas clericais, surge um novo tipo de educação seletiva dos leigos, nas cortes e castelos dos senhores feudais, com a promoção da poesia e do conto, em língua vulgar, da música, da cortesia, da delicadeza no amor e das boas maneiras, formas de sociabilidade que concorreram para melhorar as condições de vida aristocrática, para lhe adoçar a rudeza e a barbárie.

Note-se, também, a simbiose entre a literatura e a espiritualidade. Estuda-se o amor e sobre ele se escreve nos mosteiros de Cister, nas escolas dos Cônegos de São Vitor. Não se pode hoje interpretar, por exemplo, a Demanda do Santo Graal, sem se levar em conta a mística cisterciense, como já o fez magistralmente Gilson, ao tratar de “La Mystique de la Grâce dans la Queste del Saint Graal” (Les Idées et les Lettres, 2, Paris, Vrin, 1955, págs.59-91).

Por outro lado, ressalte-se a importância das obras de Ovídio nos estudos clericais e na prática do amor cortês. No curso das artes liberais, elas eram lidas no original latino e num dos Accessus ad Auctores, “Ovidii de Amatoria Arte”, o seu livro A Arte de Amar, é considerado matéria de Ética, “quia de moribus puellarum loquitur...”. Fora das escolas clericais e monásticas, a obra podia ser lida em traduções como a do poeta Chrétien de Troyes, versão hoje perdida. Outras traduções corriam e, entre elas, aliás bem resumida, foi a de mestre Elias, clérigo residente em Paris, destacando-se, ainda, o poema imitador da Arte de Amar, A Chave do Amor, que o autor anônimo inicia com um recurso desconhecido por Ovídio. Diz que o deus do amor lhe apareceu em sonho e lhe ordenou redigir as regras da sua arte.

Os poemas de Ovídio, principalmente o seu tratado de amor conhecido como Arte de Amar, contribuíram para a constituição das teorias do amor do século XII. Eles eram compulsados nos claustros e nas cátedras das escolas, episcopais, assim como pelos trovadores e pelos poetas, autores de poemas e romances. Não só era citado nos tratados e nas obras fictícias da literatura, como em cartas que retratavam situações vividas e doridas da paixão amorosa, tal como em citações feitas por Heloísa para o seu amante e esposo, Abelardo. Como observa Gaston Paris, Ovídio escreveu para os leitores que viviam nas cidades do império, descreveu as experiências amorosas da aristocracia romana e as formas de sedução amorosa corrente entre os libertos, um mundo profundamente distante e diferente das cortes feudais e dos pequenos e rudes burgos do século XII. Mas, o fato é que através de seus poemas difundiu-se a concepção do amor puramente carnal. Foi obra dos poetas do século XII, a elevação do conceito de amor pela exaltação do sentimento amoroso e pela promoção da mulher amada, a dama dos sonhos e dos desejos dos cantores, de regra uma mulher casada. Logo, porém, na poesia e na prosa, essa concepção desandou na exaltação do amor adúltero e na rejeição e na condenação do amor e da união matrimonial. Pobre do amor matrimonial, tão desancado por monges como por menestréis. Pelos monges tido quase como um mal necessário, e pelos cantores tomado como a prisão da mulher e a extinção do sentimento.

Todavia, apesar das elocubrações dos monges, e das teorias dos trovadores, nas cortes dos fidalgos, na vida diária do século XII, como em todas as épocas, as mulheres são criaturas de carne e osso, que amam os homens e com eles se casam, como também podiam ser por eles manipuladas como simples peças do jogo amoroso e sexual, mantidas em situação de inferioridade e sujeição.

Convém, ainda, lembrar o papel desempenhado pela rainha Eleonor da Aquitânia na promoção e na difusão da poesia trovadoresca, da concepção e da prática do amor cortês, o Fin Amor, Eleonor, a rainha dos trovadores em Poitiers, levou ao norte da França o gosto da poesia lírica provençal e o ideal da cortesia, quando se tornou a esposa do rei Luís VII, e à Inglaterra, depois de casar-se com Henrique Plantageneta. Onde ela se estabelecia, brotava a música dos trovadores, soava a poesia cortês, e instalavam-se as cortes de amor, máxime por ocasião da Páscoa, do Natal ou da visita de algum rei ou grande senhor. Contudo, ao mesmo tempo em que Eleonor divulgava o gosto das letras, da música e da cortesia, na Provença, na França e no Oriente, ela oferecia ao mundo o espetáculo desedificante do adultério e da libertinagem, facetas da concepção provençal do amor. Nessa concepção, em teoria, o trovador idolatrava, homenageava, cortejava a esposa do suserano, de acordo com jogo de regras bem precisas, e ai dele!, se ousasse infringi-las. Na prática, a tal concepção cobria desmandos e desregramentos.

No título desta nossa comunicação, fala-se de deus do amor. Na mitologia grega, Eros é o deus do amor, e na latina também, o filho de Vênus, representado por um menino com asas, personifica o deus do amor, aquele que desperta as fogosas paixões e acende o desejo sexual. Não é a ele, porém, que nos referimos de imediato. Nossa expressão “ao deus do amor”, prende-se à denominação da obra de André, o Capelão, um tratado de amor cortês, condenado por Estevão Tempier, bispo de Paris, no decreto de 7 de março de 1277.

Na metade do século XIII a Universidade de Paris mergulhara numa tremenda crise com a introdução no ensino acadêmico das obras de Aristóteles, com o surgimento de correntes racionalista e naturalista do pensamento, com a luta de facções por causa das cátedras, os seculares e os mendicantes, com o aparecimento e o prestígio do averroísmo latino ou aristotelismo radical de Sigério de Brabant, e Boécio de Dácia, na Faculdade de Artes. A tudo isso, acrescia uma enxurrada de abusos contrários à moral cristã, a pregação do amor livre, do adultério e da fornicação como formas naturais. Deve-se ter sempre em mente que, na metade do século XIII, como havia de ser por muito e muito tempo ainda, a universidade é uma escola cristã, uma instituição fundada e mantida pela Igreja. Daí que as desordens ideológicas e a licenciosidade dos costumes fossem males abomináveis e condenáveis para o bispo de Paris.

Ao saber dessa crise universitária, o papa João XXI, em carta datada de Viterbo, de 18 de janeiro de 1277, ordenou a Estevão Tempier que empreendesse uma investigação e lhe comunicasse os resultados no prazo mais rápido possível. A celeridade do processo, levado a cabo por Tempier e pela comissão que formara com mestres e teólogos, excedeu as expectativas. Em menos de um mês estava pronta uma lista de 229 proposições condenadas e que figuravam no decreto promulgado por Estevão Tempier aos 7 de março de 1277 (Cf. Denifle, Chartularium Universitatis Parisiensis, t.I, n 432, pp.486-558).

Entre os erros apontados no sílabo de Tempier, acham-se, por exemplo, as seguintes proposições:

O alvo principal do decreto era o aristotelismo radical ou averroísmo latino quanto às doutrinas da eternidade do mundo, do intelecto único, comum a todos os homens, do determinismo universal, da negação da liberdade e da Providência. Dessas doutrinas, era especificamente averroísta a da unicidade do intelecto humano.

Aos 10 de dezembro de 1270, Estevão Tempier já condenara 13 proposições de inspiração aristotélica ou averroísta. Agora, em 1277, quis condenar o racionalismo averroísta, mas por obra e graça dos ferrenhos adversários de Santo Tomás de Aquino, acabou por condenar, também, 15 proposições do aristotelismo moderado, tomista. Nas reprovações do decreto percebe-se o estabelecimento de uma ligação entre o averroísmo e a imoralidade. Tempier reprova a teoria da dupla verdade: uma proposição poderia ser verdadeira em filosofia e falsa em teologia e vice-versa, e censura uma obra de geomancia, e todos os livros de necromancia, magia e astrologia, contrários à fé ortodoxa e aos bons costumes.

Entretanto, antes dessas últimas censuras, o bispo de Paris condenou o tratado De deo amoris, sobre o deus do amor, identificado com a obra de André, o Capelão, composto no fim do século XII, inspirado na Arte de Amar de Ovídio, constituindo uma súmula do amor cortês, uma apologia do fin amor das cortes de amor occitânicas. Reza o decreto: “Librum etiam 'De amore', sive 'De Deo amoris', qui sic incipit: Cogit me multum, etc, et sic terminatur: Cave igitur, Galtere, amoris exercere mandata, etc., item librum Geomantiae (...), item libros, rotulos seu quaternos nigromanticos aut continentes experimenta sortilegiorum, invocationes demonum (...), per eandem sententiam nostram condemnamus (...), in hiis scriptis excommunicationis sententiam proferentes, ad alias penas, prout gravitas culpe exegerit, nichilominus processuri” (Chartularium Univers. Parisiensis, T.I., n 473, pág. 543).

A obra de André le Chapelain constituiu uma das fontes de Guilherme Lorris, autor da primeira parte do Roman de la Rose, à qual Jean de Meung deu continuação cerca de 1275-1285. Divide-se em três partes ou livros, com minuciosa descrição das formas de amor nos dois primeiros, tal como foi cantado pelos trovadores e no terceiro, com a condenação de todos os tipos de abusos no terreno amoroso, doutrina em evidente contradição com os assertos dos dois livros anteriores. “O Tratado, diz Reto R. Bezzola, é em substância uma 'Arte de Amar', inspirado em Ovídio, mas profundamente transformado pelas idéias da época, que se tinham desenvolvido nas cortes do sul da França. Ele reflete não apenas a concepção do amor tal como a haviam enunciado Guilherme IX e as duas gerações de trovadores que o tinham seguido, mas ele trata sobretudo – e aí reside talvez a sua importância primordial – de harmonizar esta nova concepção do amor, em que o trovador podia dirigir os seus votos à dama de mais elevada posição, com as condições reais da sociedade feudal, em que a diferença das classes parecia opor a uma tal concepção, obstáculos quase intransponíveis”. (R. Bezzola, Les Origines et la Formation de la Littérature Courtoise en Occident (500-1200). Paris, Chamion, T.II, pág.377).

O amor, segundo André, é uma paixão inata que se origina da percepção da beleza do outro sexo e da obsessão por essa beleza, por cuja causa se deseja sobre todas as coisas ganhar os abraços do outro e, nesses abraços, cumprir, de comum acordo, todos os mandamentos do amor. Antes de tudo porém, é preciso observar que o amor só pode existir entre pessoas de sexos diferentes e ele não pode existir entre dois homens ou duas mulheres, amor sibi locum vindicare non valet. Nas cortes do amor, só por três meios o amor pode ser alcançado: pela beleza, pela integridade moral e pela eloqüência, copiosa sermonis facundia (L.I, C.VI). E uma coisa é certa: não se pode designar por amor, o sentimento conjugal dos casados, pois se sabe com certeza que entre marido e mulher não pode existir o amor, “cum liquide constet inter virum et uxorem amorem sibi locum vindicare non posse” (Andrea Capellani, De Amore, L.I, C.VI G). No entanto, no livro III, De Reprobatione Amoris, “A condenação do amor”, André repudia as idéias defendidas antes, demonstrando que o amor carnal não se compadece com o amor de Deus, e é inadmissível para a moral católica. O fato é que André codificou o amor cortês, vigente na sociedade aristocrática de seu tempo, mas ele próprio era um clérigo, um homem da Igreja, ciente do caráter pecaminoso do amor cortês. Jean Chatillon observa com grande acuidade que André, o Capelão, pôs em prática com muita arte e cinismo a teoria da dupla verdade, condenada por Tempier em 1277 (Les Cas d’Etienne Tempier, in Le Pouvoir. Paris, Beauchesne, 1978, pág.24).

No sétimo capítulo do Segundo livro acham-se vinte e um juízos sobre o amor. Sete são emitidos pela condessa Maria de Champagne; três pela sua mãe, Eleonor da Aquitânia; três por Alix de Champagne, a terceira esposa de Luís VII; dois pela condessa de Flandres, Elisabete de Vermandois, sobrinha de Eleonor; cinco pela viscondessa Ermengarda de Narbonne, e um pela assembléia das damas da Gascônia. O segundo livro termina com o enunciado das trinta e uma regras do amor.

No prefácio, André dedica o tratado ao seu amigo Gautier. Ignora-se quem tenha sido, e calcula-se que ele não passaria de personagem fictícia.

Fato literário e cultural interessantíssimo, no entanto, é que a concepção do amor exarada por André, o Capelão, acha-se ilustrada magistralmente no romance Flamenca, de autor anônimo, escrito após 1225, provavelmente em 1234 ou logo mais. Como observa Bezzola, a rainha Eleonor da Aquitânia, depois de seu contacto com o centro de estudos que era Paris, do conhecimento da poesia épica francesa, da historiografia anglo-normanda em latim e em língua vulgar, dos mitos e lendas célticos e antigos, apercebeu-se da necessidade de uma poesia não apenas lírica, mas dramática e criadora de ação e aventuras, inspirada pelo amor. Daí a floração dos romances no norte da França, o ciclo do rei Artur, as obras de Chrétien de Troyes. No sul da França, a literatura occitânica não participa dessa renovação literária no século XII mantendo-se estritamente no gênero lírico. Os dois grandes romances corteses occitânicos pertencem ao século XIII: Jaufre e Flamenca.

Jaufre é o típico romance arturiano de cavalaria com as personagens da Távola Redonda, com anões, gigantes, fadas, mágicos e feiticeiras. É história de amor e de proezas, onde o amor recompensa o valor e a virtude, onde impera o espírito religioso, a ardente fé religiosa, o amor e a reverência ao Deus Uno e Trino. Jaufre é o herói sem jaça, compreensivo e justo, cumpridor do dever, que ama e que conquista a bela e encantadora Brunissen a quem desposa, após a realização de muitas aventuras.

Flamenca é romance bem diferente, inspirado no ideal do amor cortês. A heroína, que dá o nome ao romance, é uma senhora casada, vítima dos ciúmes do esposo e que inspira louca paixão num cavaleiro que os leva a planejado crime de adultério. Archambaut de Bourbon casa-se com Flamenca, filha do conde Gui de Nemours mas, levado pelo ciúme, trancafia Flamenca numa torre, em companhia de duas aias. Guilherme de Nevers toma-se de paixão por Flamenca, ao saber do caso, e vai morar em Bourbon. Certa noite, Flamenca lhe sugere em sonho dois estratagemas para libertá-la e punir o marido ciumento. Guilherme põe-nos em prática: a comunicação com Flamenca durante as missas de domingos e festas quando ele, servindo de coroinha, diz uma ou duas palavras a Flamenca que lhe responde da mesma forma na missa seguinte. Isso se estende por três meses, e aí, pelo que os amantes combinam, vão encontrar-se numa casa de banhos na qual desemboca um subterrâneo que Guilherme manda construir, a partir de sua casa vizinha. Na sala de banhos, consuma-se a união carnal do amor adúltero, enquanto as aias se entregam aos dois escudeiros de Guilherme de Nevers.

O romance possui um tom cômico, devido à trama para enganar e castigar o marido ciumento, mas é ímpio e cínico, atentatório à religião cristã. Nele celebra-se o amor adulterino de um cavaleiro com mulher casada e transforma-se a santa missa numa ocasião procurada de pecado, pois, aos domingos, por três meses, os amantes trocam palavras e só pensam no amor proibido. Inspirado na primeira parte do Roman de la Rose de Guilherme de Lorris, o romance Flamenca, expressão de naturalismo pagão, clara ilustração do Tratado de André, o Capelão, foi, sem dúvida, fulminado pela condenação de 1277.